Talvez Belchior quisesse, através dessa música, mostrar que o jovem tinha parado no tempo, perdido o espírito revolucionário tão importante nos tempos de conflitos políticos e ideológicos no Brasil. Viver (a mudança) era melhor que sonhar. Mas, no futebol devemos comemorar o fato de que "nossos ídolos ainda são os mesmos". Quem viu o Brasil de Telê Santana na Copa de 86 perder no jogo de melhor atuação do time seguramente vai lhes dizer "que depois deles não apareceu mais ninguém". Curiosamente, quem viu o Ronaldo também vai afirmar isso. O Zidane, o Romário, o Messi. Depois deles, agora sim, mais ninguém - mesmo sabendo que em breve teremos novos intocáveis. E esta identificação, por vezes devoção, mesmo com racionalidade similar não nasce de teorias, ela provém do sonho, da angústia, do improvável, do desespero por um gol salvador da pátria. A pátria herdada dos nossos pais, avós, tios e irmãos mais velhos. Há quem caprichosamente contrarie a torcida hereditária, mas saboreia seus trunfos com os próprios doadores. Aliás, o futebol só não faria sentido se não pudessemos contar vantagem justamente para nossos adversários mais íntimos e garantir-lhes que aquele honroso sentimento será mantido.
"As aparências não enganam, não"! A linguagem do drible, da torcida, do gol é universal. E como explicar o desejo de batizar seu filho, a sua ligação eterna, a sua continuação existencial, com o nome de um jogador que foi herói por fazer um gol decisivo na final da taça... O nome da taça pouco importa. Para o cético pode parecer "que eu tô por fora ou então que eu tô inventando", mas pasmem! Essa paixão é atemporal e inerente ao torcedor-doutor futebolístico.
Minha satisfação é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos do nosso futebol: lavagem de dinheiro, instrumento político, exportação de talentos e tantas outras devastações, "nós ainda somos os mesmos e vivemos (orgulhosamente) como nossos pais".
Falar o quê dps disso? Sério, não tenho nem palavras pra descrever o quanto ficou linda a forma como vc descreveu o que acontece no mundo do futebol. Adorei tb a associação com a música, não poderia ter escolhido outra melhor! Simplesmente adoreeei!
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pelo blog! =)
Beeeeijos!
Arrasoooou Syl!
ResponderExcluirPerfeita a analogia com a música, que aliás, amo.
A crônica ficou linda.
E só os loucos pelo futebol podem entender certas coisas... Seres movidos por uma paixão rs
Parabéns pelo blog amore! Que tenha vida longa...
Analogia perfeita! Adoro seus textos! E ate que enfim, resolveu exibi-los!
ResponderExcluirFantástico !
ResponderExcluir"Mix" lindo de história, música e futebol.
Eu ainda era criança...mas vivi esses tempos, lembro bem do Telê com aquele sorriso e carisma que não vi mais em outro técnico de futebol...e também da decepção de 82 (a melhor seleção que vi), mas um carrasco italiano chamado Paolo Rossi acabou com o sonho, em um jogo das quartas de final em que o empate nos servia, mas ele fez 3...e...Itália 3x2 Brasil (como chorei naquele dia com meus distantes 9 anos) e isso depois de já termos passado pela Argentina com Maradona em campo e tudo mais. Depois veio 86, quando a França cruzou nosso caminho (e desde então nem podemos pensar em encontrar a Franca numa Copa)...e nos pênaltis, logo Zico e Sócrates chutaram para fora o sonho, e novamente aquele sonho foi adiado...mas finalmente em 94 eu consegui com o coração na mão (de novo) naquela decisão por pênaltis, ver o Baggio com aquela cobrança em que meteu a bola rumo à lua, dar a Copa do Mundo para o Brasil (que tinha uma seleção muito aquém daquelas de 82 e 86) mas por incrível que pareça a objetividade do futebol de resultados do Parreira funcionou.
E "como nossos pais" (e avós), finalmente o grito de campeão do mundo que estava preso na minha garganta "desentalou" e um incrível orgulho verde-amarelo que veio através do futebol tomou conta de todo mundo...e olha que nós não vimos o Pelé, Garrincha, Gerson, Carlos Alberto Torres (nesse tempo o adversário só de ouvir esses nomes, devia tremer literalmente !).
Texto sem comentários, gramática perfeita.
"Matou a pau" Syl...aliás, de você não se espera coisa diferente.
Vida longa ao "Bola Crônica" !
Beijooooo.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSyl, Lindo texto!
ResponderExcluirQuem é apaixonado por futebol concerteza achou o seu texto maravilhoso.
Eu que aprendi a gostar de futebol com os meus velhos (pai e vô) me arrepiei quando li "nós ainda somos os mesmos e vivemos (orgulhosamente) como nossos pais". Ahh muito lindo!
Bem familia ne?!
Voce sempre escrevi de um jeito que nos deixa sem palavras! Parabens Syl!
PS: Romaritooo é fod..!!
Permitam-me a junção de todos os comentários: Você é A B S O L U T A!
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